domingo, 16 de março de 2008

O Candomblé

O CANDOMBLÉ
O que é o Candomblé e qual sua influência na Umbanda.


Para compreender as influências dos cultos de nação africana na liturgia umbandista devemos conhecer melhor o Candomblé praticado no Brasil, famoso pelas tradicionais casas de nação Ketu (Nagô) da Bahia, e suas Mães de Santo tão respeitadas e conhecidas em todo o País.

por Pai Alexandre Falasco.

Como exemplo, podemos citar a Casa Branca do Engenho Velho, o primeiro terreiro de Candomblé do Brasil, o Ilê Axé Opó Afonjá, de Mãe Aninha e Mãe Senhora, citada como a maior Ialorixá da Bahia na música de Vinícius de Moraes, e o Gantois (se pronuncia Cantuá), da mais famosa Mãe de Santo que já existiu, Maria Escolástica da Conceição Nazaré, a Mãe Menininha do Gantois.
Falaremos especificamente da nação Ketu, pois o objetivo é falar da influência destes cultos na nossa Umbanda, e se na Umbanda, chamamos nossos Orixás de “Orixás” e não de Voduns ou Inkices, se nosso Orixá do Trovão é Xangô e não Queviosô ou Zázi, estamos falando na língua Iorubá, que é a língua na nação Ketu/Nagô, e este é sem dúvida o culto de nação do qual mais herdamos elementos na nossa liturgia, a exemplo da própria teogonia.
Se trata de um grande universo mágico, de tradições milenares, passadas oralmente de pai para filho desde os tempos das tribos africanas até o desembarque destas mesmas tradições junto com os escravos africanos que aqui aportaram para suprir a mão de obra escrava deixada pelos índios, já que os primeiros habitantes deste País, como bom conhecedores destas terras, facilmente escapavam de seus escravizadores.

Estes escravos negros foram aprisionados nas diversas regiões da África e trazidos em navios negreiros para o Brasil, onde eram separados de seus familiares e de sua gente, forçados a se misturar com outros escravos negros de nações diferentes, de religiosidade diferente, numa tentativa de seus donos de inibir rebeliões organizadas, já que em muitos casos se tratavam até de tribos rivais em sua terra natal.


Terreiro do Gantois (Cantuá), a casa de
Mãe Menininha.

Esta explanação resumida se faz necessária para explicar, também a grosso modo, o surgimento do próprio Candomblé, pois na África, cada família, tribo ou região cultuava um determinado Orixá e esta mistura de tribos que se deu quando chegaram aqui, obrigou a se fazer um culto mais generalizado, mais abrangente, para se cultuar em uma única senzala, por exemplo, os Deuses de diferentes regiões africanas.
Este é um dos fatores que juntou o culto de diferentes Orixás em um único e novo culto, o Candomblé.
Outro fator excluiu diversos deles.
Como os escravos não queriam ver o sucesso e a fartura abraçar seus dominadores, por motivos mais do que óbvios, já que é humanamente impossível se desejar prosperidade a quem te tira de sua família e o chicoteia várias vezes ao dia, determinados Orixás, responsáveis pelo sucesso na lavoura, pelo bom andamento dos negócios e diversas outras características que pudessem colaborar com os donos de escravos foram deixados de lado, não sendo cultuados, portanto.
Sabe-se que não se tratava apenas de 16 Orixás, são muitos mais. Ainda podemos encontrar específicos 32, mas ainda assim não chega perto do número original.
É por isso que uma das características mais marcantes do Candomblé é a obrigação de seus filhos de cultuar e “cuidar” do Orixá de sua coroa, individualmente, o que conferi ao sacerdote, a Mãe ou Pai de Santo, uma outra obrigação, a de ensinar a fazer isso e portanto a obrigação de conhecer todas as divindades e não só o seu Olorí.


Pai Jefferson, um dos diretores do Barracão com Dona Terezinha, em visita a Casa Branca do Engenho Velho, o primeiro terreiro de Candomblé do Brasil.

O Sacerdote candomblecista assume diferentes funções que no culto original africano eram divididas, além de cuidar de seu Orixá regente e saber cuidar dos de seus filhos, é dele também a função de Babalaô, ao indicar para estes filhos qual a sua filiação, através do jogo de búzios. No Candomblé nada se faz sem esta consulta, até mesmo as obrigações de cada filho-de-santo, que de igual forma, é responsabilidade do Pai e Mãe de Santo o bom preparo ritualístico da “cabeça” do iniciado, realizando camarinhas e feituras com diversos elementos mágicos e o Axé do sangue animal.
O sacrifício de animais se tornou o grande assunto polêmico quando se fala da liturgia candomblecista, simplesmente pelo erro de alguns no mau uso destes sacrifícios, onde animais são encontrados dilacerados e apodrecendo nas ruas para a realização, completamente equivocada, dos chamados “despachos”, feitos por pessoas que independente da religião que se dizem pertencer, ignoram completamente este fundamento, e isso sim está errado.
O fato é que o Candomblé se tornou a grande religião afro-brasileira, diferentemente da Umbanda, manteve fortemente as tradições africanas, repetindo fielmente os rituais lá praticados desde os tempos das tribos, e, colocando opiniões pessoais de lado, já que somos umbandistas e na Umbanda não se pratica sacrifício animal, a imolação de animais e o derramamento do sangue no altar em sacrifício aparece até na Bíblia, nos livros de Moisés, motivo pelo qual não devemos sair por aí falando bobagens a respeito de assuntos que desconhecemos. Além do que, era muito comum, como ainda é até hoje nas nossas regiões rurais, se matar uma galinha ou uma leitoa para oferecer um bom almoço a uma visita que acabou de chegar, o que dirá sendo esta a visita de um Pai, de um Orixá. Mas isso quando é feito da forma realmente fiel a liturgia original, onde tudo que se sacrificava em um terreiro de Candomblé depois era servido aos visitantes e filhos da casa, muito bem preparados pelas Iabassês, as cozinheiras de santo, divinas conhecedoras dos temperos e deliciosos pratos africanos.
Por outro lado, uma outra tradição maravilhosa, esta sim acoplada em nossos terreiros umbandistas, é a musicalidade, a curimba, os atabaques, musicalidade que não só influenciou a Umbanda como a própria música brasileira, motivo pelo qual, muitos terreiros de Umbanda ainda misturam cânticos (pontos) em Iorubá e também das outras nações aos seus cânticos em português, em respeito a suas raízes e numa tentativa de manter viva esta tradição que é um impressionante veículo do povo de santo para a comunicação com seus Orixás nos rituais da religião candomblecista.

Texto extraído do curso
"UMBANDA DE BARRACÃO - DIDÁTICO"
autor: Alexandre Falasco
Todos os direitos reservados - all rights reserved

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Tempo

O tempo é tão importante que ele é um Orixá (e os africanos a muito sabem disso), tem um dito que diz O TEMPO DA, O TEMPO TIRA, O TEMPO PASSA E A FOLHA VIRA, muitas vezes precisamos que o tempo nos seja favorável, e outras não, quero dizer, precisamos de tempo curto e longo, com o bom uso do empo, muitas coisas se modificam, ou podemos modificar.
Em geral na frente das grandes casas de candomblé, principalmente em Salvador, existe uma grande árvore com raízes que saem do chão, e são envoltas com um grande alá( pano branco), este é um IROKO, que é fundamental necessidade a sua existência numa casa de candomblé.
Conhecido também como LOKO, e no Brasil como Orixá da Gameleira Branca, onde é feito seu ritual e suas oferendas, esta árvore foi trazida pelos africanos, mas pela sua existência com certa facilidade em regiões litorâneas, é possível que já existisse no Brasil.
Este Orixá não tem qualidades, é conhecido na angola como maianga ou maiongá.

Iroko representa o tempo. É a árvore primordial. A primeira dádiva da terra (Odudua) aos homens. Existe desde o princípio dos tempos e a tudo assistiu, a tudo resistiu, a tudo resistirá.
Iroko é a essência da vida reprodutiva. Do poder da terra. Alguns mitos dizem que Iroko é o cajado de Odudua, a Terra, que através dele ensina aos homens o sentido da vida.

É também a permanência dentro da impermanência e impermanência na permanência. O ciclo vital, que não muda com o transcorrer da eternidade. A infinita e generosa oferta que a natureza nos faz, desde que saibamos reverencia-la e louvá-la. É também conhecido, nos candomblés como "Tempo", embora esta seja uma designação própria do rito angola. Diz o mito que no princípio de tudo, a primeira árvore nascida, foi Iroco. Iroko era capaz de muita magia, tanto para o bem quanto para o mal, e se divertia atirando frutos aos pés das pessoas que passavam.
Quando não tinha o que fazer, brincava com as pedras que guardava nos ocos de seu tronco. Um dia, as mulheres de uma aldeia próxima ficaram todas estéreis, por ação das Iyami. Então elas foram Iroko e pediram fertilidade. Iroko, contudo, exigiu dádivas em troca, pois é preciso abrir espaço para receber dons, como é preciso perder as flores para receber os frutos. As mulheres concordaram e prometeram muitos presentes. Uma delas, contudo, tendo como única riqueza seu filho, prometeu dar a Iroko esta criança. Quando engravidaram, as mulheres foram a Iroko e fizeram as oferendas. Menos a que prometera a criança, pois ela amava muito o filhinho.

Iroko ficou muito zangado. E aguardou o dia em que a criança brincava ao redor dele e a raptou. Quando a mãe foi buscar a criança, Iroko lembrou a mulher de sua promessa, ameaçando matar o outro filho que lhe dera caso ela retirasse "sua" criança dali. Então a mulher, desesperada, procurou o babalaô, que jogando os búzios sugeriu que ela mandasse fazer um boneco de madeira com as feições de uma criança, banhasse com determinadas ervas e quando Iroko estivesse dormindo, substituísse a criança pelo boneco. E assim ela fez. Até hoje pode-se ver, nas gameleiras brancas o bebe de Iroko, repousando deitado em seus galhos.

Em sua copa vivem também as Iyami Oshorongá, as ajés (feiticeiras) da floresta.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Cantigas de Xirê

1 - Exú


Saudação: laróiè
Cantigas:
aji qui barabô é mo jubá auá cô xê
aji qui barabô é mojuba ê omóde có é có qui
barabô mo jubá élebara exú lónã
**********
bará ô bébé tirirí lónã exú tirirí
bará ô bébé tirirí lónã exú tirirí
**********
inã inã mo jubá ê é mo jubá
inã inã mo jubá ê agô mo jubá

2 - Ogun


Saudação: ogun yè
Cantigas:
e pá mi ogun, ogun pá mêje
e mêje mioxê
**********
a pe leja pe leja
ogun onire
**********
e alade lode koro un bélé
a koro ô ogun já koro un bélé
**********
ogun onire o akoro onire ore gue de
alare ogun onire ore gue de
**********
ogun xê korê ndê xê kôrê
ogun xê korê ndê xê kôrê
**********
kata kata ogun mêje
ogun mêje ónã bobo
**********
e pá nin obé, ogun pá nin obé
e pá nin obé, ogun pá nin obé

3 - Omolu


Saudação: atotô
Cantigas:
e kere runbe kere
e kere runbe kere
**********
e ago omolu já élé ninha berê ko
élé ninha molu já éle ninha bere ko
**********
la opere in sodan
elo e zo elo
**********
a bainãn in mora e
jam ba tola bare aua
**********
omolu bevara e omolu bevarao
omolu bevara e omolu bevara gô gô
**********
e aga ke baia aga ke baia
e aga ke baia aga ke baia
e kole kole xaoro, e kole kole xaoro
**********
e jan béle ke ajô o farajo
ni ko jo

4 - Oxóssi


Saudação: okê arô
Cantigas:
e odé órae odé para kadê
odé órae odé para kadê
***********
e aua aua aua odé nile aua
odé ki tipo
***********
e akolê é mala ko
e akolê é mala kolê
***********
omórodé loni
omórodé luaie
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odé baila já miro
odé baila já miro
***********
odé nita farodé
baila odé nita farao
***********
e zin guelê arolê
nu zinguêle koke

5 - Ossain


Saudação: ewé ô - ewe assá
Cantigas:
a fitá burú
a fitá burú, atindola a fitá burú
a logun, a d´ogun onãn
************
peregun alá ótitun
peregun alá ótitun
babá dana do alá o merém
peregun alá otitun
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ó boró a tinãn
peregun alá xó titun
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eró iroko izô eró
eró iroko izô
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ore jeje ore jeje
oya kaxa nimassa d´babalao
ogun akoro ore jeje
************
e ague mare ague mare
bara ki sodan
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ki tipo alé riko
bara ki sodan ki tipo

6 - Oxumarê


Saudação: àrobô bô yi
Cantigas:
oxumarê loquere
loquere e loquere
**************
oxumarê ni ferun da dan
ni ferun dan
**************
e jana doia besen nade torun baba
**************
a koro le in minho
alá koro le in minho alá
**************
a gala gala gule galejô
**************
a gara gara soro
soro bessen soro
**************
sava lu ke madi e ae ae
sava luke medie

7 - Nanã


Saudação: salú bá nanã
Cantigas:
o nitorodo ke alé
omo nilê korajo nanãn insure
omo nilê korajo, korajo korajo
a fulé lé korajo
***************
ó ia laraue ain koto loxe
ó ia laraue
***************
abiaua nakuna pá ode
o riko ko de
***************
obi nanãn ió lóbó
nanãn ió obi nanãn io lóbó
nanãn ió
***************
e nanãn oluaie e pá e pá
e nanãn oluaie e pá e pá
***************
nanãn eua in nanãn eua
e in nanãn eua in nanãn eua
***************
obi xaxará lebé obi xaxará
obi nanñ ió nanãn io oluodo xe xe

8 - Oxum


Saudação: rorá yeye ó
Cantigas:
ia minibu o miro do orixá olê lê
*********
maboia iabô ia maboia iabô ia
omin je je omi nibu maboia ia boia
*********
ken ke oxum omi xoro do
a ina ina ken ke oxum omi xorodo a ina ina
*********
e fibô e fibô loia
ó ló xun
*********
oxum kare oxum
oxum kare uo
*********
olude akin injo kare po po kare
olule kare olule kare
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xá oludé omirodo
omi rundé a kaia

9 - Obá


Saudação: obá xirê
Cantigas:
obá eleko ajá osi
obá eleko aja osi
oroô obá samo obá
saba eleko ajá osi
**************
tigi uere o fauere
e igi uere o fauere eu
**************
e leluô obá meleje
obá saba uo, obá ogun tôde bari ekó
ogun tôde bari ekó
**************
iru ojá para man
obá lojá lá ojê
**************
marrun marrun
obá odé nita fa
marrun marrun

10 - Ewá


Saudação: y rò.
Cantigas:
ewá ewá majô, ewá ewá
e oró oio orun lesé
ewá ewá majô, ewá ewá
ewá nifa tut|ô lobê uae
omi uae
obá sá oba sá a murere uo
obá sá é um obá sá amurere
xekue xegan
ewá ewá ainha uo izo ke so
boisa tin dan tin
dan adan nadan

11 - Oyá


Saudação: eeparipaa oya
Cantigas:
a un de
jekete a unde jekete
**********
oya muxe mixoya
jekete
**********
e bagan é bagan féie
um ké
**********
ke ke in agan mariô
ke ke in agan mariô
**********
biri biri ba agan loju obé
rikoman mariô
**********
biri biri birio igan igan
iroko biri biri xauro
**********
jambê lê jambê lá muxaxe

12 - Iemanjá


Saudação: erú iyá
Cantigas:
e a oyô ôbé wo iemanjá mirerê
**********
iemanjá otô manjarê
iemanjá otô manjarê wo
**********
e loko fio olu odo ya ke kere
e mabalá iemanjá ia kekere
**********
odo rilé iemanjá
odo rilé a oyô
*********
iya oni runba
orixá lerojo we
*********
iemanjá sobá sobá mirere
soba mirere wa oyô soba mirere wo
**********
a saba inha lebê
orixá inha inha

13 - Sangô


Saudação: kawô, ká biye sí
Cantigas:
oniê awa dode erun jéjé
ibona roko osa fonjá awa dode
erun jéjé oloripê
***********
osi é da ba irá
a irá losin bé lo kô
***********
a irá daba ken ké xoro ô
olua min san mi mã selé
orixá ke li sebe wa a irá a irá ê
***********
a irá ô lê lê a irá ô lê lê
***********
omonile a irá monile
a irá a irá omonile a irá monile
***********
firimã firimã, firimã baisô
a irá a irá firimã baisô
***********
e bara oke bara oke bara oke baiso

14 - Oxalá


Saudação: eepaá babá
Cantigas:
e aina ko moda agué marê
olofi moda gué aiwa kolojá
agué marê aina ko
************
o pere ketê opere kete un alá
ibi alá la do ingena opereketê baba
************
e axó tutu goia fin alá fun fun
d´orixalá aê ajaleô alá fun fun
d´orixalá
************
ajagunã baba wô ajagunã
elemáxó baba olorogun ajaguna baba wô
***********
e e ê baba kóba jóba kolê
oxoguiã ibi oxalá kejá
***********
e ajaguna biti olê ajaguna biti ô
**********
e orixá dankô , para min dankô

domingo, 27 de janeiro de 2008


BIBLIOTECA CONSULTADA

Fatumbi Verger , Pierre - Orixas - Edit. Corrupio.

Viale , Wilton do Lago - Candomblé de Kétu - Pallas .

Barcelos , Mário Cesar - Os Orixas e o Segredo da Vida - Pallas

OSOGUIAN

Filho de OSÀLÚFÓN , é jovem , guerreiro e não perde uma oportunidade de lutar contra OMOLÚ ou SÀNGÓ . É o único que tem autorização de enfeitar seus colares brancos com as pedras azuis , chamadas de SEGUY , e suas roupas brancas podem , às vezes , levar uma franja vermelha . Está ligado ao culto de ÌRÓKÒ e dos espíritos , assim como a fertilidade e o culto dos inhames .

É pai de ÒSÓÒSÌ INLÉ , come com ÒGÚN JÀ , ÒSÓÒSÌ INLÉ , AIRÀ , ÈSÙ , OYA e ONÌRA . Tem muito fundamento com OYA , pois é o dono do ATORI, fundamento que lhe foi dado por ela , motivo pelo qual as pessoas de GUIAN devem agradar muito a OYA . Vem pelos caminhos de ONIRA . Tem ligação com ÈSÙ . Seus filhos devem evitar brigas , confusões e mentiras , principalmente , não devem enganar ÒGÚN ou aos seus filhos , pois será castigado sem dó . Não devem comer ôvo frito para não esquentar o Òrìsá , cachaça , sal e dendê . É um Òrìsá muito perigoso .

QUALIDADES

- ORANDIAN

- OXANDIAN

- OXANDIN

- OXANIN

- OXAMIN

ÒRÚNMÌLÀ IFÀ

O oráculo africano , Deus dos destinos que aparece no Candomblé como qualidade de ÒÒSÀÀLÀ . Teria sido encarregado de estabelecer a ordem no mundo , de separar os elementos e instituir a paz entre os homens . É o dono das nozes que revelam a vontade dos deuses , o senhor da adivinhação , que exprime a palavra do criador . As mulheres não podem ser sacerdotizas de IFÀ . Não se manifesta . Dono dos búzios , IFÀ é um Òrìsá muito bom e importante , acredita-se que o Deus todo poderoso mandou IFÀ que morava no céu para a terra , para que êle a consertasse , deu-lhe sabedoria , conhecimento e muita inteligência que lhe permitiu o poder maior entre os outros Òrìsàs .

OBÀTÁLÁ

É o mais velho dos Òrìsás , o grande rei branco , raíz de todos os outros ÒÒSÀÀLÀ . Êle não é feito , faz-se AYRÀ ou ÒSUN OPARÀ . É o pai de OSÀLÚFÓN , que por sua vêz é o pai de OSOGUIAN , tão grande e poderoso é OBÀTÁLÁ que não se manifesta , sua palavra transforma-se , imediatamente, em realidade .

Representa a massa de ar , as águas frias e imóveis do começo do mundo , controla a formação de novos seres , é o senhor dos vivos e dos mortos , preside o nascimento , a iniciação e a morte . É o reponsável pelos defeitos físicos , êle é corcunda porque recusou-se a fazer uma oferenda de sal numa cabaça e ÈSÙ castigou-o pregando a cabaça nas costas , razão pela qual não come sal , comer sal para êle constitui-se num ato de alto canibalismo . Êle deu a palavra ao homem e durante suas festas não se fala , durante três semanas tudo é silêncio , pois a palavra é dêle .

OKÓ

Divindade da agricultura , ligado a colheita dos inhames novos e a fertilidade da terra . Òrìsá NAGO , pouco conhecido no Brasil . Na época em que os escravos aqui chegaram , não deram muita importância a este Òrìsá , considerando como Òrìsá da agricultura , em seu lugar , ÒGÚN , e dos grãos a OBALÚWÀIYÉ .

Quando manifesta-se leva um cajado de madeira que revela sua relação com as árvores , traz uma flauta de osso que lembra sua relação com a sexualidade e a fertilidade , é confundido com ÒÒSÀÀLÀ , pois veste-se de branco. Seu ÒPÁSÓRÒ, no Brasil, é confeccionado em madeira . Sendo um Òrìsá raro , tem poucas qualidades conhecidas . É um Òrìsá rico .

QUALIDADES

- ETEKÒ

Caminha com OSOGUIAN , é inquieto . Vive nas matas e come todo tipo de comida branca.

- LEJUGBÉ

É muito confundido com ÒÒSÀÀLÀ por ser muito vagaroso e indeciso . Muito chegado a AYRÀ . Come com YEMONJA e OSÀLÚFÓN . Come , também , todo tipo de comidas branca .

AGEMO

Divindade filho de ÒRISANLÁ que disputa os poderes com o pai; tendo como castigo ter os intestinos devorados pelas fomigas. Veste-se de branco, tampando o estômago com as mãos. É o camaleão, divindade cujo culto exige que durante a cerimônia os homens permaneçam de pé e as mulheres ajoelhadas com as cabeças curvadas.

- O verdadeiro DEBURU é feito com milho vermelho ( de galinha ).

- Todos os animais são cortados pelas juntas.

- SÀNGÓ sò come quente.

- Todas as obrigações leva flores, frutas e doces.

- Todos os Òrìsás comem ACARAJÉ

- O ACARAJÉ para ÒSUN ÒPARÀ é feito no azeite doce.

- O ÌGBÍN tem que ser calçado com frango.

- AYRÀ é um ÒRÌSÁ e não uma qualidade de SÀNGÓ.

- ÒNIRA é um ÒRÌSÁ e não uma qualidade de OYA.

- Tudo para o santo tem que ser lavado no ABÓ.

- A gamela para SÀNGÓ é redonda, e para AYRÀ é oval.

- ÀIYÉ é a terra em que vivemos.

- ÒRUN é o "céu ".

- IMONLÈ - espíritos.

- ÀSE - poder.

-ÈÈWÒ - proibição ( kizila ).

- OLÓÒRUN - uma das denominações de OLODUMARÈ, o Deus Supremo.

- ÒSÓÒSÍ não leva mel de abelhas.

- ÒÒSÀÀLÀ e AYRÀ não levam sal nem azeite de dendê.

- A cabeça do animal leva a boca / bico. Irá relatar no ÒRUN as nossas necessidades e os nossos pedidos;

- Os pés dos animais são para caminhar ( dar caminho ao ODU );

- Os olhos devem ser cobertos na hora do sacrifício, para que não levem a nossa imágem;

- As penas do peito é para nossa proteção;

- As penas são para voar, no sentido de transpormos nossas dificuldades na vida;

- A cauda é para nos dá o leme, o equilíbrio, a direção na vida;

- O sacrifício do pombo é para dotar-nos da habilidade de voar por sôbre os perigos;

- O do peixa é para amenizar os sofrimentos. Na hora do sacrifício pedir sorte, fartura e prosperidade;

- Ao sacrificar o ÌGBÍN, pedir paz, harmonia e afastar dos perigos;

- O OBI representa a interrelação de amizade, o pacto de comunidade entre o IYAÓ, o zelador e o ÒRÌSÀ. Significa a vida;- O DENDE suavisa a ira das divindades;- O ATAREM é para dar força

- Oferendas: Após a de ÈSÙ, a primeira será para ÒGÚN, mesmo que o IYAÓ não seja seu filho;

OSÀLÚFÓN

Êle é muito velho, idade avançada , aleijado, lento, move-se com muita dificuldade, associa-se a idéia de repouso, de imobilidade, dança curvado apoiado no ÒPÁ SÓRÒ, treme de frio e de velhice . Detesta a violência, disputas e brigas, evita tudo que é excitante, come sem sal e sem dendê, odeia cores fortes e particularmente o vermelho . A êle pertencem os metais e substâncias brancas como a prata; no reino vegetal o algodão; no animal o caracol, d'angola, martim-pescador e o preá . Tem ódio ao cavalo , pois foi por causa deste animal que ficou preso por sete anos e muito sofreu .

QUALIDADES

- BABA NILÀ

- BABA OJOBÈ

- BABA OTUN DUNDUN - Usa uma tira preta sob as vestes . Não se raspa .

-BABA OLÓÒKUN - É o responsável pelo fundo do mar . Pai de YEMONJA .

- BABA ORY

- YJALADÉ .

O ÒPÁ SÓRÒ , na África , é o bastão cerimonial feito de um galho fino da árvore AKÓKO . No Brasil é feito de metal prateado .

LENDA

OSÀLÚFÓN saudoso de seu filho SÀNGÓ resolveu visita-lo , porém , antes consultou um BÀBÁLÁWO para saber se correria tudo bem nessa viagem . O BÀBÁLÁWO disse-lhe que não fosse , pois haveria contra tempos ; OSÀLÚFÓN , mesmo assim , quis aventurar-se . O BÀBÁLÁWO disse-lhe que a viagem seria muito perigosa , se realmente quisesse ir , deveria seguir tudo o que êle dissese . OSÀLÚFÓN aceitou e êle disse que levasse três peças de roupas brancas e sabão e aceitasse tudo que lhe acontecesse sem reclamar . OSÀLÚFÓN fez todas as oferendas que lhe foram confiadas e partiu , como era muito velho ia lentamente , apoiado em seu cajado . Encontrou logo em seu caminho ÈSÙ ÈLEPÒ PUPA , dono do azeite de dendê , sentado a beira da estrada com um barril de azeite de dendê ao lado , após uma troca de saudações , ÈSÙ pediu a êle que o ajudasse a colocar o barril sôbre a sua cabeça , êle concordou e ÈSÙ aproveitou para , durante a operação , derramar , maliciosamente , o conteúdo do barril sôbre OSÀLÚFÓN , pondo-se a zombar dêle . Este não reclamou , seguindo as recomendações do BÀBÁLÁWO , lavando-se no rio próximo , pôs uma roupa nova e deixou a velha como oferenda , continuando a andar com esforço e foi vítima , ainda por duas vezes , de tristes aventuras com ÈSÙ ELEEDU , dono do carvão , e ÈSÙ ALAADY , dono do óleo de palma , OSÀLÚFÓN sem perder a paciência lavou-se e trocou de roupa , após cada uma das esperiências , enfim chegou aos arredores de OYO e foi surpreendido pelo tropel de um cavalo que havia fujido , tentando agarra-lo . Os guardas vendo aquêle velho agarrado ao cavalo , confundiram-no com um ladrão , nessa época o roubo de cavalo era um crime inafiançável , pegaram-no e como era costume na época , quebraram-lhe as pernas , porque era assim que faziam com os ladrões . Preso e impossibilitado de comunicar-se com seu filho SÀNGÓ , pelos maus tratos , acabou por ficar aleijado .

Logo as coisas começaram a decair em OYO , as colheitas secaram , as mulheres ficaram estéreis , as colheitas não mais produziam , os animais começaram a morrer , as calamidades e doenças invadiram o reino de OYÓ . SÀNGÓ muito preocupado procurou um OLUWO , adivinho , este disse-lhe que tudo estava acontecendo por causa de um velho que encontrava-se preso em suas masmorras , em seu castelo , SÀNGÓ então dirigiu-se imediatamente para as masmorras , pois queria saber quem era esse velho que tantos danos a seu reino causara . Chegando ao calabouço , ordenou que abrissem a cela , para sua surpresa , em uma delas , encontrava-se seu pai , soltando-o imediatamente e suplicando desculpas , sendo perdoado . Então , como por encanto , tudo começou a prosperar em OYÓ . SÀNGÓ vestiu seu pai ricamente e banhou-o com as águas mais limpas das fontes , sercando-o com belas mucambas , OSÀLÚFÓN sentiu-se no paraíso , fartas colheitas e suntuosos banquetes foram-lhe sevidos , só tinha um porém , êle estava aleijado e não podia caminhar ; seu filho então presenteou-o com uma rica bengala de prata , ornada com pedras preciosas e pérolas , o ÀPÁ SÓRÒ .

Quando OSÀLÚFÓN teve que seguir para ILÉ YFÈ , cidade sagrada do povo YORÙBÁ , devido ao seu estado alquebrado , SÀNGÓ pediu a AYRÀ que o carregasse nas costas , AYRÀ era um Òrìsá no fundamento de SÀNGÓ , era um de seus servos de confiança . SÀNGÓ naquêle momento estava reconstruindo OYÓ , não podia ausentar-se da cidade e nem de seu povo , para redimir-se com OSÀLÚFÓN , pediu a AYRÀ que o levasse , pois sentia-se indignado com o que havia acontecido com seu pai , mesmo sabendo que não havia sido de propósito .

AYRÀ ia ser o preferido de OSÀLÚFÓN no período de reconhecimento , entretanto , AYRÀ percebeu que OSÀLÚFÓN era um Òrìsá muito especial , um ser de grande sabedoria e sabendo que era de confiança de SÀNGÓ , aproveitou o momento para saber os segredos de OSÀLÚFÓN , então usou de má fé e tentou convencer a este que SÀNGÓ era o culpado pelos sete anos que passou na prisão em OYÓ . OSÀLÚFÓN , porém , estava ciente de que tudo que passou , pois OLODUMARÈ e o BÀBÁLÁWO o havia prevenido . AYRÀ então passou a ter uma grande rivalidade com SÀNGÓ , por este motivo não se deve coloca-los juntos na mesma casa , para SÀNGÓ pôe-se o pilão e para AYRÀ não , porque irá criar confusão entre OSÀLÚFÓN e SÀNGÓ . Chegando a YFÈ , OSÀLÚFÓN agradecido a AYRÀ deu-lhe o título de seu primeiro ministro , fazendo dêle seu mais fiél amigo , por este motivo AYRÀ come diferente dos SÀNGÓ , sendo suas oferendas levando todos os ingredientes que estavam na mesa de OSÀLÚFÓN ; foi-lhe concedido comer em sua gamela o arroz , a canjica e o mingau de acaçá , sendo-lhe proibido o dendê , o sal e os carosos do quiabo , que quando secos prepara-se certos atins de ÈSÙ .

NÀNÁ

É considerada a divindade mais antiga e cultuada que se conhece . Carrega nas mãos um IBIRI , feito com talo de dendezeiro e ornado de búzios e panos de suas cores . Leva uma coroa de palha da costa com búzios e missangas . O IBIRI da-lhe o poder sôbre a vida e a morte . O pé de OBI e o seu fruto lhe pertence . O fruto representa o corpo . A ave ONIMI ( coruja ) é seu principal fundamento . Nem todas as qualidades de NÀNÁ podem ser feitas , pois um pequeno erro chama IKÙ . É a dona do portal da vida e da morte .

Seu assentamento é um IBÁ de barro , otá , lodo, água de canjica, canjica, azeite doce e mel . Ao lado o alguidar com canjica e sua água, onde vai cortar-se os bichos de pena ( galinha branca e velha , arranca-se a cabeça ) . Só o pombo é cortado em cima do santo . Pinta-se este ibá com pintas vermelhas.

Sua saudação: SÁLÙ BÁ NÀNÁ BURÚKÚ, quer dizer: Nos refugiamos com Nanan da morte ruim.

QUALIDADES

- AJAPÀ

Vive no fundo dos pântanos , ligada a terra ; Òrìsá temido, ligado a lama, a morte e ao renascimento .

- OMILARÉ

É a mais velha , acredita-se ser a verdadeira esposa de ÒÒSÀÀLÀ . Associada aos pântanos profundos e ao fogo . É a dona do universo . É a verdadeira mãe de OMOLÚ INTOTO . Veste verde musgo e branco cristal .

- YBAIN

É a mais temida , Òrìsá da varíola . Usa a cor vermelha . É a principal , come direto na lagoa , dando orígem a outras qualidades . Para chama-la a EKÉJÌ tem que ir batendo com suas pedras para ela chegar e pegar suas filhas .

- ABENEGI

Dessa NÀNÁ nasceu o IBÀ ODU, que é a cabaça que traz OSÙMÀRÈ , ÒSÓÒSÌ OLOKÉ , OYA e YEMONJA .

- OBAIA

É ligada a água e a lama . Mora no pântano . Usa contas de cristal lilás .

- OPARÀ

Muito agressiva . É a mãe de OBALÚWÀIYÉ .

- ADJAOCI

É a guardiã do lado esquerdo , é guerreira e agressiva, confunde-se , às vezes , com OBÁ . É uma divindade das águas doces . Veste-se de azul

SUAS FOLHAS

- Manacá, alfavaca roxa , assa-peixe, avenca, macaé, quaresma, cipreste e travescância ( folga do feijão preto ) .